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A internet entre a integração e a exclusão

Para muitas crianças, um computador e uma ligação à internet podem ditar a diferença entre a aprendizagem e a integração social ou a marginalização e a exclusão. Nomeadamente para algumas das que frequentam o 1º Ciclo na Escola Básica nº 3 de Vialonga (Lisboa), uma escola constituída em Território Educativo de Intervenção Prioritária por se localizar numa zona de risco, onde alcoolismo, toxicodependência e prostituição convivem com os muros de estabelecimento.
Apesar das críticas que os professores apontam aos equipamentos instalados no âmbito do programa ?Internet na Escola? - iniciativa do Ministério da Ciência e da Tecnologia, desenvolvido no âmbito da Iniciativa Nacional para a Sociedade da Informação -, e que com o passar do tempo se tornaram obsoletos, todos reconhecem a importância que as novas tecnologias podem desempenhar na vida de algumas daquelas crianças. De acordo com uma professora, citada pela agência Lusa, são bastante frequentes os casos de alunos com dificuldades de integração que fogem da sala de aula para serem encontrados junto aos computadores.
Segundo Helena Amaral, da Unidade de Apoio à Rede Telemática Educativa - uma das entidades coordenadoras do ?Internet na Escola? -, estas são crianças provenientes de um ambiente familiar que nada tem a ver com a estrutura escolar, pelo que demonstram grande dificuldade em aceitar o sistema tradicional de ensino. "Nesse aspecto, a internet e a informática podem desempenhar um papel diferente, estimulando uma apetência natural ou integrando programas alternativos que ensinem as crianças de forma diferente".
Contudo, Ana Serra, uma das principais dinamizadoras da utilização das novas tecnologias naquele estabelecimento, aponta a lentidão dos equipamentos disponíveis (três computadores e uma ligação à Internet) como uma dificuldade para a consulta e pesquisa de informação na rede. Helena Amaral concorda com a observação, e considera que, além da instalação e do pagamento do tráfego, as entidades responsáveis deveriam ter em conta a actualização dos equipamentos.
Como explica a directora da escola, Graciete Gaspar, a falta de autonomia financeira das escolas básicas faz com que estas estejam muito dependentes dos projectos a concurso, das juntas de freguesia e das câmaras municipais.
Mas as questões burocráticas não são as únicas dificuldades da escola. Luís Bordalo é animador cultural e está destacado naquela escola por um programa de luta contra a pobreza. Questionado pela agência Lusa sobre o interesse dos alunos pelos computadores e dispositivos informáticos de que a biblioteca dispõe, confirma o entusiasmo das crianças, mas aponta a falta de formação dos professores - "muitos deles até se confundem com os botões para aumentar o som da televisão", sublinha, acrescentando que são os mais jovens que se mostram mais empenhados na utilização das novas tecnologias como ferramentas de ensino.
"Tudo o que sei sobre internet é resultado de uma auto-formação, depois do técnico que instalou o equipamento na escola me ter dado algumas indicações", contrapõe Ana Serra, referindo que é muitas vezes a iniciativa individual dos professores que marca a diferença.


  
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Edição:

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Ano 9, Dezembro 2000

Autoria:

Redacção

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