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Internet

É clássico considerar a família, o grupo de amigos ou colegas, a Escola, a Igreja ou os meios de Comunicação Social (televisão, jornais, revistas, rádio) como “elementos educativos”. São elementos ou ambientes que contribuem de forma importante para a educação da pessoa, porque fornecem valores, crenças e modelos. Claro que podem ser considerados como fornecendo contra-valores ou valores negativos. A exaltação do consumo, das “estrelas” do mundo do espectáculo em geral (que agora abarca os desportos, para além do mundo televisivo ou do cinema) não deixa de ser “educação”, ou “deseducação”. Mas tudo isto é conhecido.
O facto de os meios de comunicação social não serem neutros também é conhecido (embora muitas vezes esquecido). Jornais, rádios e televisão veiculam opiniões em detrimento de outras, aumentam a importância de acontecimentos ou eliminam esses mesmos acontecimentos. Misturam assuntos importantes com outros (a poluição, uma guerra, podem ser noticiados com o mesmo relevo que o resultado de uma corrida de automóveis).
Muitas vezes, sobretudo no mais importante dos meios de comunicação social, a televisão (TV), os assuntos surgem em amálgama, englobados, sucedendo-se uma grande catástrofe ao casamento de um par famoso ou a um acontecimento bizarro, que, apenas por isso, é notícia! A TV é o circo que engloba todos os circos e vai a casa: não é preciso “ir à TV”, como quem vai ao cinema. Por isso tem uma força enorme, por isso é propriedade ou de grandes grupos económicos ou de Estados. A TV informa, tal como, em última análise, a publicidade diz fazer. A publicidade também “informa”, mas distorce, ou mutila, deturpa, e a TV vai no mesmo sentido.
O cidadão não tem capacidade para contrariar os efeitos dos vários meios educativos. O professor também não. Saber que esses meios existem e ter consciência crítica a seu respeito já é muito importante e deve ser parte do conhecimento do professor. Falta cada vez mais uma análise a um surpreendente meio que se revela diferente de tudo que o antecedeu: a internet.
A abertura de uma antiga rede de transmissão de dados a interesses comerciais deu-se em 1988. De acordo com dados de Março de 2007, a internet é usada por 16,9% da população mundial (em torno de 1,1 biliões de pessoas). A importância deste meio de comunicação reside na sua pluralidade.
Pela internet passa correio, mas passam também programas informáticos dos mais diversos tipos, filmes copiados e partilhados em sites apelidados como “piratas”, passa também Educação a Distância, como é o caso da Universidade Virtual do Brasil. É muito difícil dizer algo “unilateral” sobre a internet, pois o seu controle não parece ser possível, no sentido em que é possível o controle dos tradicionais meios de Comunicação Social.
A internet é mesmo um fenómeno que merece ser estudado pelos educadores, pois é um espaço de liberdade. Os conteúdos são difíceis de censurar e circulam por todo o planeta. Sites com documentários educativos, livros digitalizados, música, de tudo se encontra neste “meio”. A internet não está em perigo, pois é um elemento fundamental para que o processo chamado “globalização” possa continuar. Esse processo tem muitos aspectos negativos, mas parece irreversível. Há uma tentação de controle sobre a internet protagonizada especialmente por governos como os do Irão, Coreia do Norte, Myanmar, China e Arábia Saudita.
As mensagens em tempo real, a troca de ideias, a produção de software livre de custos, fazem da internet uma esperança. Pela internet passa também voz (o VOIP) e passam actividades criminosas, como redes de pedofilia. Mas filmes de crítica social e política banidos dos meios convencionais, ou vídeos do mesmo tipo, também passam pela internet.
Voltaremos a este tema, pois o planeta precisa que os professores saibam e queiram usar a internet como grande meio de difusão global da informação e cultura.

Carlos Mota


  
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Edição:

Edição N.º 187, série II
Inverno 2009

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