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As Manifestações

Os professores do 1º Ciclo do Ensino Básico e da restante escolaridade não universitária estão unidos. Até há pouco seria impossível uma sucessão de manifestações com cem mil e cento e vinte mil participantes. Algo deveria ser repensado, depois disto.
Os professores são todos de esquerda? São todos do PSD? Será que muitos até votaram no PS, nas últimas eleições legislativas? As oposições são oportunistas ou o governo "teimoso"? Os professores menos capazes estarão contra a avaliação, mas serão cento e vinte mil os incompetentes? Quem se prestará a avaliar colegas, sabendo que lhes vai prejudicar a vida? A burocratização crescente da sociedade contemporânea acabará por nos conduzir à avaliação das avaliações. Por que razão não se avaliam os avaliadores? Houve ou não critérios duvidosos para que uns fossem constituídos "juízes" e outros "arguidos"? Pode argumentar-se que esta reforma(?) é para o bem dos alunos, que as famosas aulas de substituição são excelentes. Mas os alunos - (para os quais a escola deve existir, antes de tudo) - têm recebido enviados ministeriais com chuvas de ovos. Estarão eles convencidos das razões da reforma? Pode dizer-se que as manifestações dos professores são uma forma de pressão inadmissível, sendo o direito à manifestação - (ainda por cima pacífica e conduzida com civismo) - um direito consagrado na Constituição da República Portuguesa?
Será Constitucional a norma que na prática pune um professor por estar doente?
Os professores querem ser avaliados, porquê esta luta?
Será porque têm razão, porque uma coisa é querer ser avaliado, outra coisa é ser massacrado com trabalho de secretaria. Será verdade que em muitos locais o professor deve tratar da aquisição dos computadores "Magalhães", fornecendo para o efeito o seu número de contribuinte? Se é assim, por que razão não são os professores a tratar da compra dos livros dos alunos? Em tempos os professores faziam "estágio" para entrar nos quadros do ensino. Nunca reclamaram por ser avaliados. Durante dois anos tinham aulas assistidas por colegas, exames e trabalhos que eram feitos com rigor. Ser professor era uma questão de vocação, tantas vezes desempenhada com verdadeiro espírito de missão. José Sócrates diz que as oposições estão preocupadas com uns "míseros" votos.
Será legítimo expressar-se assim, falando de cidadãos no uso dos seus direitos? A maioria dos professores tem família e tem também direito ao voto. Se multiplicarmos por três cento e vinte mil, teremos trezentos e sessenta mil... Serão esses votos "míseros"?

Carlos Alberto Mota


  
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Edição:

N.º 184
Ano 17, Dezembro 2008

Autoria:

Carlos Alberto Mota
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real
Carlos Alberto Mota
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real

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