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O voto SECRETO

Os eleitores de todos os países (excluindo aqueles em que ninguém vota), deveriam passar a votar segundo o verdadeiro "Voto SECRETO". Quer dizer: de forma assumida, sabida e consentida, os eleitores deveriam exercer o seu "direito de voto", mas nem eles deveriam saber em quem votavam! Como fazer isso? Entravam num local de voto e jogavam numa espécie de caça-níqueis ou "slot machines", que, de forma aleatória comporiam siglas de partidos, ou nada (esses seriam os votos considerados brancos ou nulos).
Já é isto que se passa, mas não se diz. Quantas vezes se vota num partido e depois a liderança desse partido forma governo com gente que nem do partido é, gente que não sabemos de onde vem, o que quer, o que fez, a que interesses está ligada? Ficamos à espera desta forma assumida de honestidade? É isto que se passa neste cada vez mais democrático planeta. A estória do senhor importante na povoação da América Latina ilustra isto e muito mais. Uma vez, um senhor muito bem vestido chegou a um pequeno povoado, com um funcionário, e disse aos camponeses que pagaria 10 dólares por macaco. Os camponeses apanharam centenas de macacos! O senhor determinou que fizessem uma enorme jaula onde os macacos foram presos. Depois disse que queria mais macacos e os camponeses quase os esgotaram, na segunda investida. Então ele disse que daria 50 dólares por macaco e os camponeses lá conseguiram apanhar ainda mais macacos. Chegados ao povoado, viram que o senhor importante tinha ido embora, "tratar de uns negócios" segundo disse o seu funcionário. E acrescentou: os macacos agora são raríssimos, vão buscar as vossas poupanças e comprem-nos porque poderão vender cada macaco por 5000 dólares! Os camponeses correram a casa, depositando as poupanças de uma vida a comprar os macacos. O funcionário desapareceu, tal como o seu patrão! Isto é como a estória do voto SECRETO! Foram os camponeses quem apanhou os macacos, quem fez a jaula para eles e quem os comprou a outros que nada tinham feito a não ser "valorizar" por palavras os macacos! Isto passou-se (passa-se) neste momento, quando Estados emprestam dinheiro de quem não o gastou (e irão exigir sacrifícios e mais impostos) a comprar os agora ditos "produtos tóxicos" ? ou serão macacos? Voltando ao começo, quem nos pode dizer o que vai alguém fazer com o nosso voto? Na maioria dos casos faz-se como neste, da "crise financeira": quem perguntou aos pagantes de impostos se achavam uma prioridade ajudar os banqueiros que perderam uma montanha de dinheiro? Se o banco nos fica com o dinheiro, regressamos a outra velha questão. Os bancos serviam para nos "proteger" dos ladrões. E agora? Tal como os políticos, os executivos da banca não foram escolhidos por eleições, foram lá parar por "voto SECRETO"! Num mundo assim, ainda por cima "global", quando se usam escravos na Ásia e se pretende que os ocidentais compitam com eles, quem pode saber em que votou? Como dizia alguém "quem nos protegerá dos nossos protectores"?

Carlos Alberto Mota


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 183
Ano 17, Novembro 2008

Autoria:

Carlos Alberto Mota
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real
Carlos Alberto Mota
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real

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