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Lobby judeu, pilar do apoio político e financeiro dos EUA a Israel

Desde a data da sua criação, Israel tem contado com o apoio incondicional da comunidade judaica dos Estados Unidos. Esta hegemonia está, no entanto, a ser ameaçada com a chegada de uma nova geração, menos convencida do risco de aniquilação do Estado hebreu. Ainda no passado mês de Abril, nasceu um novo lobby em Washington. Denominado "J-Street", o objectivo deste grupo passa, segundo a sua página na Internet, "mudar a política americana no Médio Oriente" e promover "um amplo debate sobre o papel dos Estados Unidos" na região.
"O J-street representa os americanos, na sua maioria, mas não exclusivamente judeus, que apoiam tanto Israel e a sua aspiração de segurança como pátria dos judeus, como o direito dos palestinianos a um Estado soberano, ou seja, a favor de dois Estados coexistindo em segurança", afirmou ao jornal "Jerusalém Post" o director executivo desta organização, Jeremy Ben-Ami, ex-colaborador do democrata Bill Clinton, quando este era presidente dos Estados Unidos.
O grupo considera, em particular, que a decisão de invadir o Iraque foi um erro, que as ameaças contra o Irão são contraproducentes e preconiza um acordo de paz entre Israel e a Síria. Este lobby aspira a ser uma alternativa ao todo poderoso Aipac, o American Israel Public Affairs Committee, criado há 50 anos em Washington, encarregado de influenciar o Congresso e considerado pelos seus críticos como o instrumento que durante décadas forjou a política externa americana no Médio Oriente.
Em Setembro do ano passado, Abraham Foxman, director da Liga Anti-difamação (Anti-Defamation League) e um dos porta-vozes do Aipac, protestou energicamente contra a publicação do polémico livro "The Israel Lobby and US Foreign Policy", cujos autores, John Mearsheimer e Stephen Walt, consideram que o apoio dos Estados Unidos a Israel não se baseia em questões estratégicas mas sim na pressão dos 'lobbies' judeus de direita e dos grupos cristãos fundamentalistas favoráveis ao sionismo.
"O Aipac não é uma organização oficial, não recebe ordens de Israel. Esse livro é anti-semita, defendendo que os lobbies judeus controlam o Congresso e o governo americano", afirma Foxman, autor de "The Deadliest Lies: The Israel Lobby and the Myth of Jewish Control", que defende uma linha contrária.
"Há muitos outros 'lobbies' em Washington: o 'lobby' saudita, o 'lobby' grego, o 'lobby' das armas. Temos o direito de gastar 5% do nosso orçamento com 'lobbying, não existe nada de errado com isso e não há motivo para falar de conspiração", sublinha.
"A base da opinião pública judaica americana ao seu apoio a Israel provém do Holocausto e da ideia de que, sem apoio, Israel corre perigo de desaparecer do mapa", destaca Jonathan Goldberg, director editorial do jornal judaico-americano "The Forward", que publica 30 mil exemplares em inglês e menos de 10 mil em iídiche.
"Hoje em dia, um número crescente de judeus pensa que a ameaça de eliminação do Estado de Israel é exagerada, pelo que a ideia (de Estado) em perigo pode desaparecer dentro de 20 anos", acrescenta Goldberg. "Por outro lado, ao passo que apenas 10 por cento dos casamentos judaicos eram mistos em 1940, hoje em dia representam cerca de 50 por cento".

AFP


  
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Edição:

N.º 179
Ano 17, Junho 2008

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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