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Governo palestino refém de ataques israelitas

A actividade política do executivo palestiniano assemelha-se mais à de um grupo clandestino do que à de um governo eleito. Escondidos em casa de amigos, privados do uso de telemóvel e receosos de frequentar o local de trabalho, a vida do primeiro-ministro Ismail Haniyeh e dos restantes líderes do Hamas está na prática refém das investidas do exército israelita.
?Adoptamos cada vez mais medidas de protecção devido às ameaças israelitas. As nossas vidas correm perigo, mas isso é o que acontece com todos os palestinianos desde o começo da ocupação?, explica o ministro da Informação, Yussef Rizqa, afirmando que ?muitos ministros não podem trabalhar nos seus gabinetes porque têm medo de ser alvo de um ataque com mísseis?.
Neste ambiente de tensão, os membros do governo evitam usar telemóvel, por medo de serem localizados, comunicam por fax e mantêm reuniões em lugares secretos, escolhidos em cima da hora e longe das câmaras de televisão. A necessidade de medidas de segurança faz ainda com que ministros e deputados tenham de dormir cada noite num local diferente e mudem constantemente de carro e de hábitos pessoais.
Recentemente, a detenção de 64 ministros, deputados e autarcas do Hamas na Cisjordânia, levada a cabo por Israel, decapitou um terço do governo do Hamas e reduziu a já de si escassa margem de manobra do Executivo.
O primeiro-ministro Haniyeh tem bons motivos para ter cautela. Israel não hesitou em assassinar há três anos o xeque Ahmed Yassin, líder espiritual do movimento, lançando um míssil contra o seu carro em Gaza, e, semanas depois, em matar o seu sucessor, Abdelaziz Rantissi.
O professor Mjaimar Abu Sada, da universidade Al-Azhar, de Gaza, lembra que o governo palestiniano está "paralisado há meses", porque desde que tomou posse, no início do ano, os seus ministros de Gaza e da Cisjordânia nunca puderam reunir-se no mesmo local.
"Os palestinianos entendem o que se está a passar e aceitam que a prioridade actual do governo se limite a garantir o fornecimento de água ou electricidade nos territórios ocupados", explica Abu Sada. Este docente afirma que "apesar de os Estados Unidos e a Europa considerarem o Hamas uma organização terrorista, a maioria dos seus membros não tem relação com o braço militar do Hamas?, as Brigadas Ezzedin Al-Qassam. Por esta razão, diz, a comunidade internacional e os países árabes ?deveriam estar mais presentes nesta crise e pedir a Israel que deixe de lado a obsessão de eliminar este governo."


  
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Edição:

N.º 159
Ano 15, Agosto/Setembro 2006

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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