A luta pela Educação que se trava nos nossos dias, é, cada
vez mais, uma luta no território da Utopia o que é interessante porque aprendemos
que "Utopia", quer dizer, precisamente, "em lado nenhum".
É verdade que cada vez mais autores nos falam da "Utopia",
quando falam em questões educativas. Até o nosso amigo Paulo Freire pode ser
interpretado dessa forma. Utopia como sonho, como meta última a atingir um dia,
quando os humanos deixarem de querer enganar os outros (incluindo a Natureza
- que não se deixa enganar...)
O reconhecimento de que os outros não são coisas, parece, afinal, ser um conhecimento
fantástico, porque há quem não o tenha; a velha metafísica de Levinas e Buber
que falaram do "Outro" alguém que tem um rosto, parece afinal, cheia de actualidade.
Que dizer das permanentes manifestações de violência, das guerras impostas,
da pobreza infinda e insana, geradora de inconformados capazes de tudo por uns
segundos de vingança? Haverá quem explique algo aos que nos querem explicar
tudo, aos que fazem programas educativos (ou deseducativos?)
Que dizer da persistência do racismo, da xenofobia, da discriminação mais subtil,
baseada no dinheiro? Dizer aos alunos coisas simples, afinal simples mas que
parecem difíceis de entender por tanta gente.
Cada um, mesmo sem se dar conta, irá fazendo o seu caminho, sendo mais importante
que "chegar antes do outro", a maneira como se chega. Dizer isso é crucial.
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