O aval do Governo japonês à publicação
de um controverso livro de História - apesar dos protestos de China e
da Coreia do Sul - provocou recentemente uma onda de indignação
naqueles dois países. O Governo de Seul entregou uma nota de protesto
a Tóquio e reuniu-se de emergência para discutir medidas que podem
ser adoptadas contra o Japão. Por seu lado, a imprensa chinesa dedicou
amplos espaços a esta nova controvérsia entre os dois países.
"Este livro de História prova que as forças de extrema-direita
no Japão tentam negar a história da agressão do seu país
e até glorificá-la", segundo comentou o porta-voz do Ministério
de Relações Exteriores chinês, Zhu Bangzao, citado pelo
jornal China Daily.
Centenas de sul-coreanos manifestaram-se em Seul, acusando
Tóquio de ignorar as atrocidades cometidas pelo seu exército durante
a Segunda Guerra Mundial. Umas cem pessoas, entre as quais mulheres que foram
obrigadas a prostituir-se pelo exército japonês durante a guerra,
concentraram-se em frente à embaixada do Japão em Seul, enquanto
que cinquenta e nove grupos de defesa dos direitos humanos e de associações
de cidadãos lançaram uma campanha de protesto contra a publicação.
O Ministério japonês da Educação
havia ordenado cerca de uma centena de modificações no conteúdo
deste livro antes de autorizar a sua publicação, depois das advertências
feitas por Pequim e Seul sobre as consequências deste manual escolar,
destinado a alunos entre 14 e 16 anos. No entanto, mesmo após as modificações
introduzidas, o conteúdo continua a ser polémico. Os autores,
entre os quais figuram alguns reconhecidos por suas ideias nacionalistas, qualificam
a tomada da cidade chinesa de Nanquim, em 1937, por exemplo, como um "incidente"
no qual foram assassinados "numerosos chineses". Os historiadores ocidentais
estimam que nessa cidade pelo menos 300.000 civis foram massacrados em circunstâncias
particularmente atrozes.
(AFP)
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