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O testemunho do Padre Mário

Mário Pais de Oliveira é o protagonista de mais uma sessão de Testemunhos de Uma Vida, série que a Associação José Afonso/Núcleo do Norte iniciou no ano passado com Alípio de Freitas. Seguiram-se Camilo Mortágua e Rui Pato. Mais (re)conhecido como Padre Mário da Lixa, completou recentemente 79 anos de uma existência que tem sido tudo menos monótona e quase sempre na contramão da doutrina oficial da Igreja Católica. "14 Cartas ao Papa" é o mais recente volume de uma obra extensa e polémica, que inclui títulos como "Chicote no Templo" ou "Fátima, S.A.". A sessão terá lugar no auditório do Sindicato dos Professores do Norte [Rua D. Manuel II, 51/C - 2º] e compreende um momento musical com Mafalda Lemos e o projeto Uma Vontade de Música.

Natural de Lourosa, Santa Maria da Feira, Mário Pais de Oliveira foi ordenado padre na Sé Catedral do Porto, em Agosto de 1962. Dois meses depois, era coadjutor na paróquia de Santo António das Antas, mas rapidamente o respetivo pároco se incompatibilizou com o seu exercício pastoral, pedindo à diocese o seu afastamento.

Em 1963, iniciou atividade docente de Religião e Moral nos liceus Alexandre Herculano e, depois, D. Manuel II. Em 1965 assumiu funções de assistente diocesano da Juventude Escolar Católica (JEC), de onde seria afastado em 1967 pelo Administrador Apostólico da Diocese, por suspeita de dar cobertura a atividades subversivas dos estudantes.

Nomeado capelão militar, foi obrigado a frequentar um curso intensivo na Academia Militar e em novembro desse ano desembarcou na Guiné-Bissau, como alferes-capelão do exército português. Pouco tempo depois (março de 1968), foi expulso da capelania militar, por pregar o direito dos povos à autonomia e independência, e regressou à diocese do Porto rotulado como "padre irrecuperável".

Um mês depois começou a paroquiar Paredes de Viadores (Marco de Canaveses), de onde seria exonerado em junho de 1969. Em outubro começou a paroquiar Macieira da Lixa (Felgueiras), por nomeação de D. António Ferreira Gomes, bispo do Porto entretanto regressado de um exílio de dez anos.

Em julho de 1970 foi preso pela PIDE, sendo libertado em março, depois de ter sido absolvido pelo Tribunal Plenário do Porto. Após alguns meses de exílio em Espanha, regressou a Macieira da Lixa, mas voltou a ser detido em março de 1973. Libertado em Fevereiro 1974, foi informado pelo próprio D. António de que já não era o pároco de Macieira da Lixa.

Na sequência do 25 de Abril, em maio, passou a integrar a Equipa Pastoral da Zona Ribeirinha do Porto, a pedido desta e com o consentimento da diocese. No entanto, em outubro de 1975, ficou sem ofício pastoral, depois de o bispo ter aceitado a demissão dos três párocos que coordenavam a equipa. A partir de então, na qualidade de presbítero, dinamizou o projeto Comunidades Cristãs de Base. Simultaneamente à atividade presbiterial, em 1975 começou a exercer o jornalismo, tendo integrado as redações dos jornais República, Página Um e Correio do Minho.

Atualmente, é diretor do jornal Fraternizar desde a sua fundação (1988) e autor de uma extensa e polémica obra, que inclui títulos como "Chicote no Templo" (Afrontamento, 1973), "E Deus disse: do que eu gosto é de política, não de religião" (Campo das Letras, 2002) ou "Fátima, S.A." (Seda Editora, 2015). "14 Cartas ao Papa" (Seda Editora) é o mais recente livro do Padre Mário de Oliveira, que certamente estará em foco na sessão promovida pela AJA/Norte.

António Baldaia


  
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