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Revista de Imprensa Internacional: destaques do “The Guardian” de 28 de Novembro a 5 de Dezembro

Quase 4 milhões de crianças na Grã-Bretanha não possuem um livro (5 Dez)

A “National Literacy Trust”, uma organização não-governamental (ONG) que actua na área da Literacia descreve como “muito preocupantes” os resultados de uma pesquisa, realizada em 18.000 crianças entre os 11 e os 16 anos, onde se verifica que quase 4 milhões de crianças na Grã-Bretanha - um em cada três - não possuem um livro. A proporção subiu de uma em cada 10, em 2005.

Jonathan Douglas, director da ONG, revelou que as crianças estavam a ler menos em livros e até em computadores, mas a assistir mais a filmes e imagens em ecrãs. Douglas salientou ainda que existiam muitas mais formas de entretenimento a competir pela atenção das crianças do que costumavam existir. Quase um quinto das crianças (19%) disse no questionário que nunca tinha recebido um livro como presente e 12% disseram que nunca tinha ido a uma livraria. No total de crianças, as raparigas mostraram uma probabilidade maior de ter um livro que os rapazes.

A programação deve ter um lugar nas nossas escolas (4 Dez)

Nas palavras imortais de Rory Cellan-Jones, correspondente da BBC em tecnologia, a codificação (ou seja: a programação de computadores) é o “novo latim”. Esta foi a manchete publicada no seu blog e ilustra a campanha crescente para estimular o ensino de conhecimentos de informática nas escolas do Reino Unido.

John Naughton, colunista do “The Guardian”, escreve a este respeito: “O currículo das TIC (tecnologias da informação e comunicação) nas nossas escolas secundárias tem sido uma desgraça nacional durante o tempo que me lembro. Isso porque combina de forma eficaz as TIC com “competências de escritório” e geralmente acaba a treinar os alunos para usar o Office da Microsoft quando o que realmente precisam é do ensino das TIC - isto é, da preparação para um mundo no qual a Microsoft (e talvez até mesmo o Google) será pouco mais do que uma curiosidade histórica, e as apresentações em PowerPoint vão parecer os manuscritos do Mar Morto”.

O primeiro impulso na campanha para repensar o ensino das TIC, escreve Naughton, foi dado por um relatório escrito por dois veteranos mundiais dos jogos de computador, Ian Livingstone e Alex Hope, sobre a necessidade de transformar o Reino Unido num “centro mundial de talento e liderança em jogos de vídeo e indústrias de efeitos visuais”. O relatório recomenda, entre outras coisas, que a informática deve fazer parte do currículo nacional. A campanha foi ainda impulsionada pela notícia de que uma gama de empresas de tecnologia e de media - incluindo Google, Microsoft, Sony, Nintendo, Sega, Electronic Arts, Activision, Talk Talk e The Guardian Media Group - estavam a apoiar estas recomendações.

A resposta do Governo a tudo isso “foi longa em conversa, mas curta em comprometimento”, acusa Naughton. Segundo o colunista, os responsáveis reconhecem por um lado “que o actual programa de TIC não é suficientemente rigoroso e precisa de uma reforma” e diz estar “comprometido com a introdução de um currículo mais leve focalizado mas rigoroso”. Mas, por outro lado, também dizem: “No caso das TIC não continuarem a fazer parte do restante currículo nacional, a atenção deve ser dada para assegurar que as crianças possam adquirir competências em ciências da computação. O Governo vai trabalhar com o sector para encontrar a melhor maneira de as alcançar.”

Ora para Naughton, esta posição do Governo significa apenas isto: “Desculpem-me, especialistas em tecnologia, provavelmente deixaremos cair as TIC (porque não há espaço para elas no nosso currículo leve) mas vamos arranjar uma maneira de doirar a pílula”.

Música na escola: Michael Gove soa a nota optimista (4 Dez)

Michael Gove, secretário da Educação, espera que Plano Nacional de Música sobreviva aos cortes orçamentais no currículo. Assim, parece que a Música nas escolas será protegida apesar dos cortes. O responsável está a tentar acalmar os receios de que as oportunidades para as crianças aprenderem um instrumento sejam limitadas pelas mudanças iminentes no currículo nacional, e afirmou que a disciplina vai “beneficiar de um lugar de destaque”.

O Plano Nacional de Música foi anunciado na última semana, mas os críticos desta medida, a ser lançada no próximo Verão, afirmam que objetivo declarado pelo Governo de permitir a cada criança aprender um instrumento, independentemente da sua origem e onde quer que vivam, será difícil de alcançar depois de uma queda de financiamento de 2,5 milhões de libras a partir de Abril. No ano seguinte, o corte será dos atuais 77.5 milhões de libras para os 63 milhões, e em 2014-15 vai voltar a cair para 58 milhões.

O plano, desenvolvido por Gove e o ministro da Cultura Ed Vaizey, é inspirado nos projectos de inclusão social iniciados sob o regime socialista de Hugo Chávez na Venezuela e já foram copiados em pequena escala com projectos-piloto na Escócia e agora na Grã-Bretanha.

Curas para doenças mortais em risco de cortes (3 Dez)

Avanços científicos com potencial para curar a doença de Parkinson, fornecer vacinas para assassinos globais como o HIV e a malária, ou oferecer soluções para reduzir os custos ambientais da construção de casas, podem ser adiados por um “ruinoso” corte no desenvolvimento de instalações de investigação nas principais universidades do país, acusam os investigadores britânicos.

Os académicos alertam que o desenvolvimento de laboratórios e fábricas mundiais, e até mesmo a posição de liderança do país no campo da tecnologia de computadores, estão em risco devido aos cortes do Governo nos gastos com projectos de construção e manutenção de instalações nas universidades de Oxford, Cambridge e Manchester e imperial College e University College, em Londres.

Números divulgados pelo Departamento de Inovação Empresarial e Competências indicam que o financiamento dessas instituições para todo o ano já foi cortado em cerca de 65% e que esse montante reduzido é indicativo da quantidade de dinheiro que será fornecida ao longo dos próximos dois anos para o Fundo de Investimento Capital em Investigação, o pote de dinheiro utilizado para financiar as infra-estruturas de instituições de pesquisa no país.

Partido Trabalhista quer ensinar às crianças o que é o jogo (3 Dez)

Um grupo de apoio à dependência face ao jogo diz que as crianças em idade escolar deveriam aprender o que são máquinas de jogos e a como calcular probabilidades. O partido trabalhista tem apoiado as propostas para que as crianças a partir dos 12 anos aprendam ensinamentos sobre jogo na escola.

A “Gamcare”, um serviço de apoio à dependência do jogo, propôs que os alunos adquiram conhecimentos sobre máquinas jogos (as célebres slot-machines de frutas), estudem as hipóteses de vencer jogos em equipas desportivas e o cálculo de probabilidades. A organização, que supostamente recebe 3 milhões de libras de financiamento anual do sector do jogo, apresentou as suas propostas para uma revisão da educação pessoal, social e de saúde (PSHE).

O secretário-sombra da Educação, Stephen Twigg, disse que os alunos precisavam de informações que os preparassem para o mundo adulto. “Isso é algo que não deve ser deixado ao acaso”, disse. “Com a ascensão dos jogos de azar on-line, existe claramente uma necessidade de dar bons conselhos às crianças e aos jovens. É certo que, assim como acontece com as drogas e o alcoolismo, os adolescentes e crianças recebam informações [sobre jogo] para os preparar para o mundo adulto.”

Investigadores procuram novo entendimento para motins (28 Nov)

Um dos principais especialistas do Reino Unido sobre as gangues, diz que o inquérito oficial sobre o que causou os distúrbios no Verão é totalmente inadequado. Poucos académicos passam longos períodos de tempo a conversar com os jovens em propriedades privadas. Mas a ameaça de violência, é um risco ocupacional para o professor Simon Hallsworth, director do Centro de Investigação Social e Avaliação no London Metropolitan University, e especialista em cultura de gangues.

Não há, segundo Hallsworth, muitos grupos organizados como os media e o Governo querem fazer crer. “Aqueles que existem são muito mais fluidos e falta-lhes a estrutura hierárquica que o estereótipo lhes atribui”, diz o investigador, empenhado no estudo dos gangues nos últimos 10 anos. “Os gangues foram acusados de quase tudo, desde as drogas ao abuso sexual de mulheres, à criação de cães perigosos. Mas podendo eliminar a cultura de gangues amanhã, essas coisas continuariam a acontecer e ainda haveria desordem.”

A resposta de David Cameron para os distúrbios de Agosto, argumenta Hallsworth, não era nada mais do que uma “estratégia de bode expiatório”, que estigmatiza a comunidade negra que hoje é descartada como uma “classe de selvagens”. Ao juntar muitas questões complexas sob o rótulo de cultura de gangues, o Governo tem-se absolvido de qualquer responsabilidade, por aquilo que Hallsworth acredita ser uma crise da teoria económica neo-liberal que tem dominado o país desde o início de 1980.

A resposta de Hallsworth está na colaboração transatlântica com o David Brotherton do John Jay College, em Nova Iorque. Juntos produziram o trabalho “Urban Disorder and Gangs: A Critique and a Warning” [“Desordem Urbana e Gangues: Uma Crítica e um Aviso”], publicado on-line pela associação Runnymede [Trust] Perspectives. (…)

“Esses jovens vivem numa sociedade onde cada pessoa é julgada pela forma como se veste, o tipo de telemóvel que tem e ainda estão excluídos de um emprego que lhes fornece os meios para os comprar.” Os dois investigadores concluem a sua crítica, sugerindo que este é o momento para mobilizar os jovens. “Isso significa investir neles e suas comunidades; não reforçar as agências de aplicação da lei e uma nova indústria supressão de gangues.” 

a Página 06-12-2011


  
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